Farmville

Tenho uma quinta no facebook com cabras, porcos e bois… culturas de arroz, batatas e milho. Recentemente abandonei-a!

Fi-lo por manifesta falta de tempo. O êxodo rural tem deixado ao abandono milhares de terras de cultivo por esse país fora, os matagais avolumaram-se e a carga de incêndio aumen...tou. Os meus vizinhos continuam a cuidar das suas quintarolas como se a minha não existisse.

No meu caso o desleixo da quinta não trouxe problemas de mato ou depósito de lixos. Mantêm-se tudo na mesma, à excepção de não haver nada para colher. Alugo ou vendo a minha quinta a quem se mostrar interessado em cuidar. Vendo as cabeças de gado, principalmente os porcos que são altamente rentáveis e ultimamente andam ruidosos. Será falta de alimento?

Ainda recordo da matança do porco na minha aldeia. Toda a família reunida, as brincadeiras com os primos, a cachola, a fressura e os enchidos. E o pobre porco, coitado, sacrificado com um espetadela no coração. Sempre apunhalado de frente e nunca pelas costas, nem com golpes baixos. Aquele chiar de dor não incomodava o homem da faca nem os que na fila da frente assistiam ao banho de sangue e ao espernear do suíno. E assim morria o porco, fazendo finca-pé!

Continua a morrer por esses matadouros fora, mas hoje com métodos menos dolorosos e mais rápidos. O controlo veterinário agora é apertado e não se matam porcos doentes. Por favor comprem -me dois porcos a preço de saldo. A sua doença não põe em causa a saúde pública. Sofrem apenas de sede. Sede de protagonismo, sede de poder… Não os vou alimentar, prefiro vendê-los ou mesmo oferece-los.

E assim morrerão os porcos da minha farmville… sedentos

Autor devidamente identificado